terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Não (me) esquece

Acordei com saudade de escrever para você.
Talvez assim eu te sinta perto.
Ou quem sabe apenas desafogue o peito...


Leia ao som de: "Everlong" - Coldplay
Tudo bem você não falar sobre mim com seus novos amigos. Já cansamos, nós dois, os ouvidos dos nossos velhos amigos com um passado que hoje parece tão distante. Pra que falar dele com quem sequer tava por perto para entender qualquer coisa? Ninguém mais precisa saber sobre os nossos dias, as nossas dores e o nosso fim.
Tudo bem você conhecer outras pessoas, se envolver em outras histórias e entregar seu coração em outras paixões. Tudo bem frequentar festas todos os dias, encher a cara até dizer chega, pedir o telefone de todas as garotas com quem esbarrar. Tudo bem ligar pra elas no dia seguinte. É isso o que a gente faz quando acaba. E a gente acabou.
Tudo bem você deletar meu número dos seus contatos e não querer me seguir mais no Instagram e pedir para sua mãe não tocar mais no meu nome. Tudo bem jogar fora nossas fotos, os presentes que eu te dei, mudar o caminho pro trabalho pra não correr o risco de encontrar comigo na esquina da minha casa.
Tudo bem você não querer lembrar.
Mas não me esquece. Se eu puder te pedir ainda qualquer coisa, se eu ainda tiver esse direito, se você, sei lá, ainda guardar qualquer dose de carinho por mim ou por nossa história, eu te peço: não me esquece. Não se esquece de nós dois.
Não esquece que eu apoiei seus sonhos e fiz o que tava ao meu alcance pra te fazer feliz. Não esquece que eu larguei tudo e embarquei numa viagem louca com você pelo simples fato de que eu acreditei que a gente fosse durar. E a gente não durou.
Não esquece que eu superei meus traumas, deixei os medos de lado e engoli meu orgulho pra viver uma história com você – mesmo com todo mundo dizendo que era loucura, que era besteira, que nunca ia dar certo.
Não esquece que eu tava lá, que eu estive lá pra tudo, que eu dei colo, ombro-amigo, beijo, abraço e muita alma por nós dois. Não esquece que eu fiquei e que eu lutei enquanto você ficou e lutou e que eu também não queria que tivesse acabado do jeito que acabou.
Não esquece, sabe? Não esquece de mim como se eu não merecesse nem 5 minutos da sua lembrança, como se eu tivesse só errado o tempo inteiro, como se a única coisa que eu tivesse feito em todo o tempo em que fiquei ao seu lado fosse te magoar.
Lembra de mim nem que seja a cada dois anos, ou só quando alguém te perguntar de amores passados, ou quando esbarrar com uma foto nossa que você esqueceu de rasgar. Lembra de mim como aquela que ficou o quanto deu, como aquela que amou enquanto deu, como aquela que tentou muito te amar – pra sempre. Lembra de mim só um pouco, lembra de mim só de vez em quando, lembra de mim só o suficiente pra não esquecer. Só não esquece.
_Karine Rosa

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Na Décima Nuvem


Leia ao som de: "I Never Wanted To Go" - Willamette Stone

Procuro um amor que saiba cozinhar. Mas que não precisa ser nada muito chique, gourmet. Uma batata frita com casca, uma pizza de mentirinha e um ravióli qualquer já me ganham. Pode saber pedir de um restaurante bacana, também, é claro. Mas que faça com carinho.
Se souber fazer jujubas ou me presentear com elas, ganha vantagem.
Meu amor tem que ter boas palavras também. Tem que saber me lamber e me morder. E tem que gostar de beijo – em qualquer lugar, em qualquer hora. Nunca é demais para um beijo, beijinho ou tudo mais. Mas tem que gostar de beijar.
Afinal, beijo continua sendo a segunda melhor coisa que a gente faz com a boca. A primeira melhor, bem, deixa pra lá.
Procuro um amor que leia. Não todos os livros. Ou livro nenhum. Mas que saiba me ler. Saiba entender o grito silencioso das minhas pernas e as páginas da minha testa franzida. Amor tem que conhecer e reconhecer o outro. Nada mais chato do que ter que ficar contando as suas histórias e segredos pra alguém.
Procuro um amor que não minta. Mas que também não me conte todas as verdades. Principalmente as que eu perguntar. Desconverse. Me faça cócegas. Sei lá. Mas não minta.
Palavras têm peso dois nas minhas histórias. Promessas, também – das mais simples às mais complicadas.
Procuro um amor que me encontre a hora que for. E que pode se atrasar também. Que saiba se arrumar, mas que também dispense essas coisas de vaidade. Que roube minhas blusas, meus chinelos e shorts antigos.
Procuro um amor que eu tenha orgulho de estar ao lado – e que saiba a importância de dar às mãos. Não precisa ter muito dinheiro. Mas que tenha bons planos de carreira. Amor vagabundo demais, cansa. Amor trabalhoso demais, some.
Procuro um amor meio-termo. Que xingue coisas engraçadas, que me mande tomar-no-cu sorrindo, mas que me faça declarações, também. Que tenha pudor para saber bem a hora de não tê-lo. Procuro um amor que saiba que flores e tapas têm suas horas.
Procuro um amor multifacetado. Desses que me lembram alguém, mas não sei quem é, nem sei de onde. 
Mas que me dê a velha sensação de que tudo será eterno desta vez.
- Hugo Rodrigues

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Á você: o amor da minha vida...


Leia ao som de "Someone New" - BAKNS

De verdade, meu bem, eu não acredito que você exista. Mas cheguei à conclusão de que, se não for por amor, que seja por você.
Então, que eu te encontre num dia ensolarado, nublado, chuvoso, com névoa e te diga alguma coisa. Que eu te reconheça no momento exato em que puser meus olhos em você. E que você saiba que houve um encontro ali. Que você esteja vestido de vermelho, amarelo, azul, verde, preto e branco. Que você me ache engraçadinha, pelo menos. Quem sabe tímida, quem sabe meiga, quem sabe charmosa do tipo "sexy, mas sem ser vulgar". Quem sabe eu nem te chame a atenção, mas que você me veja com bons olhos e eles encontrem os meus...  E que aí você perceba o quanto eu te enxergo em tão pouco tempo. Que você seja amigo de algum amigo ou o gerente do banco, ou meu professor de francês. ou quem sabe um nerd desengonçado que gosta de Star Wars e outras coisas. Que você se encante comigo de alguma maneira. 
Que você se permita me conhecer melhor e saber que eu sou legal, ou que sou interessante, ou que não tenho nada a acrescentar a você, ou que eu sou uma garota romântica que ainda acredita no amor verdadeiro, ou que eu tenho um blog bacana que fala dessas coisas bonitas ... Mas que você não seja um ponto final. Que seja as aspas, as reticências, o parágrafo, o travessão. Que você seja.
Que você saiba como eu sou complicada, ou que eu sou desajeitada, ou que eu sei dançar muito bem, ou que eu piso no seu pé porque não sei andar em linha reta, ou que adoro o cheiro de café, mesmo não gostando de bebê-lo. Mas que você decida ficar e me conhecer mais, seja por curiosidade ou porque acha que pode se encontrar no meio da minha bagunça.
Que a gente se conheça aos poucos, aos muitos, aos tantos, aos beijos, aos toques, aos olhares, aos filmes de fim de tarde, aos cheiros de perfume novo, aos dias de dormir de conchinha, aos minutos de ligações intermináveis. Que você possa contar comigo, possa dormir comigo, possa brigar comigo. Que você não se arrependa naqueles momentos em que a gente questiona o amor, que você tenha orgulho de me mostrar pras seus amigos e que eles tenham inveja de você. Que eu possa te trazer café na cama, te dar um beijo de surpresa, te permita me ver sem maquiagem e com o cabelo desalinhado, te morder e te tecer elogios até você ficar sem graça. Que eu não seja odiada pelos seus pais - especialmente por sua mãezinha. Que você me queira como mãe dos seus filhos, que você se orgulhe de mim.
Que eu possa te fazer sonhar. Que eu possa realizar os teus maiores sonhos e te consolar caso alguma coisa dê errado no meio do caminho. Que eu não saia nunca do seu lado, nem quando você pedir. Que os meus dias de TPM sejam lembrados com risadas e justifiquem aqueles quilos a mais que eu ganhar com Haagen-Dazs que você me trará a cada mês. Que você me permita chorar de rir, chorar de saudades, chorar de alegria... Que eu possa garantir que você não vai se machucar. Que o nosso filho tenha os seus olhos e suas mãos. Que ele me lembre todos os dias de você. Que a gente caia um pouco na rotina e não mude por isso. Que a gente saia da rotina e se encante com algumas aventuras de vez em quando. Que a gente saiba reconhecer o valor da companhia do outro. Que eu te ame como nunca amei ninguém e que você me modifique da maneira que o seu amor quiser.
Mais importante que isso tudo: que você exista. 
E que não demore tanto pra chegar na minha vida.

Texto de Daniel Bovolento adaptado por Mirian Barreto

sábado, 11 de abril de 2015

Não, eu não te levo a sério


Leia ao som de: "Flight" - Lifehouse

Olha, eu penso em você de vez em quando. E isso não é nenhuma confissão inimaginável. Não dá pra dizer que os teus olhos pretos e brilhantes feito duas faíscas nunca me fizeram querer voar pra perto de você. Não dá pra dizer que eu nunca quis a tua boca na minha sem parecer mentira, e aquele abraço que fez nossos corpos se entrelaçaram como num minuto eterno e mágico...
Na verdade, de vez em quando é bondade minha. Eu penso quase sempre. No som da sua voz, no toque das suas mãos e no cheiro que a sua pele deve ter depois que você se veste.
Até seus versos me deixam com o coração pequenininho e uma cara de boba que tenho vergonha de que alguém veja. Até sua respiração ao telefone me desestabiliza.
Você é sempre tão envolvente ou me inferniza desse jeito só por diversão?
Não me conta seus problemas.
Não me diz que você tá puto ou que sente saudades.
Desculpe a franqueza, mas não me interessa.
Não quero conhecer teus defeitos, teus segredos, tuas profundezas. Tua superfície me satisfaz tão bem.
Porque você é essa mentira.
Esse futuro do pretérito.
Você é aquilo que nunca vai ser.
Tem coisas que foram feitas para não ser, sabe? Fica quietinho aí. Só sorri de vez em quando pra mim e escreve umas coisas que me façam pensar em você e te querer por perto, que o querer é quase sempre mais gostoso que o conquistar.
Me dá esse aperto no peito de presente, meu bem.
Quem sabe um dia a gente se cruze por aí e eu te dê um oi ou te convide pro cinema, e a gente saia por aí preenchendo essas nossas eternidades que duram cinco minutos...

segunda-feira, 2 de março de 2015

Só posso dizer


... Mas eu só posso dizer
Que eu só fico bem ao seu lado
Eu já tentei outro alguém
Mas não consigo dormir sem seus braços


Mas eu só posso dizer
Que eu só fico bem ao seu lado
Eu já tentei com outro alguém
Mas não consigo dormir...

                                      __Nando Reis

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Meu coração é cego, surdo e mudo






Meu coração é cego. Cansou-se de ver a falsidade estampada nos olhos de quem confiou e – por consequência –, já não recorda-se de quantas vezes tropeçou, caiu e levantou-se. Meu coração – por não mais enxergar – já não reconhece a face da maldade, já não vê a silhueta do pecado e, constantemente, é seduzido, enganado e abandonado. Já não enxerga a certeza, nem qualquer tipo de dúvida. Não mais enxerga os caminhos, nem tampouco os empecilhos. Já não consegue manter-se – rigorosamente –, na linha reta dos teus antigos trilhos.
Meu coração é surdo. Ouviu tantas falsas promessas que, não suportou e, mergulhou num silêncio profundo. Meu coração já não escuta mentiras, mas também não ouve verdades. Já não escuta o próprio choro e, mal lembra-se das próprias gargalhadas. Já não escuta reclamações, mas – há tempos – não escuta o som de cada uma das tuas emoções. Meu coração recorda-se do tom da primeira voz, da segunda, terceira e, de todas as outras que as sucederam. Meu coração nunca esqueceu um “eu te amo” e, jamais esquecerá...
Meu coração é mudo. Tantas vezes disse que amava e não foi correspondido, tantas vezes gritou e não foi escutado que, hoje resta-lhe o silêncio e, tudo o que isso tem acarretado. Não diz o que julga importante, mas, por outro lado, também não diz o que não tem serventia. Não canta as verdades da tua razão, nem as tristezas do teu dia-a-dia. Não julga-se apressado, mas, ainda que doa na alma, já não pode pedir calma. Não consegue – ao menos com palavras – expressar tudo o que traz consigo. Não pode pedir perdão, nem pode pedir abrigo. Tem vontade de falar, mas ao lembrar-se do passado, pensa – entristecido – que é melhor manter-se calado.
Meu coração sente. Sente a falta de um grande amor e a saudade de outros – e bons – tempos. Sente as marcas que nele ficaram, de outros – muitas vezes tristes – momentos. Sente angústias e muitas dores, vontades e arrependimentos. Sente na pele o desejo de fugir, tanto do peito que o segura, quanto do mundo que o aprisiona. Sente medo de não encontrar, o amor que um dia teve e, ainda o emociona. Sente frio durante a noite e, durante a madrugada, sente falta de uma companhia – que mantenha a solidão sedada. Sente falta do calor que pode morar num abraço e, de tanto procurar, sente um enorme cansaço. Sente, por fim, um sincero desejo de mudança, do estado que agora encontra-se, para algum que ressuscite a esperança.
Meu coração é cego, surdo e mudo. Em compensação, sente absolutamente tudo...

- por Fellipo Rocha

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Saudade é pra quem tem


Sugestão: leia ao som de Unbreakable - Jamie Scott

Mais do que uma aula de geografia, os relacionamentos à distância, são didáticos no sentido de descobrirmos um novo jeito de amar.
Em uma ponte aérea você descobre um amor maduro na sua bagagem de mão. Um coração esperançoso, paciente e não mais inquietamente adolescente. Você descobre que as melhores coisas precisam do seu tempo certo para acontecer. Você entrega metade de você ao universo para que ele conspire ao seu favor. Você escolhe comprar uma passagem no lugar de uma roupa nova. Você escolhe matar a saudade em vez de brigar. Você escolhe… Com o relacionamento à distância, você aprende a fazer escolhas e, a saber, que elas são as diretrizes da sua vida.
Você descobre que a vida está em suas mãos e o fato de você viver subindo e descendo de um avião é uma escolha sua. E a certeza de que é amor, é uma esperança depositada a quilômetros de distância.
Com o relacionamento à distância, e a longo prazo, a gente aprende a ser paciente. A saber que o calendário vai passar e o dia do encontro vai chegar. A gente aprende a esperar em uma fila de banco sem reclamar da vida.
A gente aprende a respeitar… A saída com os amigos, a diferença de fuso horário. A não vinda no feriado por compromissos profissionais. A falta de atenção em responder uma mensagem.
Você aprende que o amor não é feito de cobranças. Você aprende a compreender e a saber ouvir. Você aprende a confiar e domar o ciúme impulsivo que vive dentro de cada um de nós.
Você para de questionar as coisas que acontecem sem o seu consentimento e aprende a viver um dia de cada vez.
Você descobre a saudade na sua forma mais dolorida e deliciosa. Você descobre o sabor amargo da carência em um sábado sozinho. Mas descobre também o sabor da saudade guardada quando o encontro acontece, naquele sexo sem muitas palavras em que o desejo é voraz e o amor é o tato acumulado em meses de separação.
Você aprende a dosar a carência de beijos, cafuné e abraços.
Saudade é pra quem tem.
Só quem viveu um amor à distância sabe o que o significado da palavra saudade.
“Ela me perguntou, aflita, sentada em minha frente, com as mãos tamborilando na mesa de madeira, o que fazer com aquele novo amor que em menos de trinta dias estava com as malas prontas para morar em outro estado. Eu, sem pestanejar disse-lhe: Ame sem medo do longo prazo. Pode dar certo ou não. Pode funcionar ou não. A distância vai interferir algumas vezes. Nós nunca sabemos o que vai acontecer no dia seguinte, mas você aprenderá algumas coisas maravilhosas sobre você mesma e que a saudade habita em cada um de nós.”
Os amores à distância são uma escola pela qual todos nós deveríamos passar um dia na vida.
E a cama amarrotada, no dia seguinte, diz muito sobre cada um de nós. Diz se ele ficou por mais um dia ou se ele já foi. Diz se agora é só você como sempre foi, ou se continua sendo dois.
Não deixe o medo interferir. O amor à distância pode ser o seu ‘conto de fadas’ nesse mundo tão veloz de relacionamentos cada vez mais efêmeros e de uma noite só.
_ Mauricio Pascoal